Quando você afasta do piso uma casca de fruta
deixada pela negligência de alguém, não pratica apenas um
ato de gentileza. Evita que algum desavisado
escorregue, sofrendo tombo violento.
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Ao ceder o lugar no transporte coletivo a um
ancião, você não realiza um gesto de cortesia somente.
Atende a um corpo cansado, poupando as energias de quem
poderia ser seu genitor.
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Se você oferece braço moço à condução de um
volume, poupando aquele que o carrega, não pratica
unicamente uma delicadeza. Contribui fraternalmente para o
júbilo de alguém que, raras vezes, encontra ajuda.
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Portando a boa palavra em qualquer situação, você
não atende exclusivamente à finura do trato. Realiza
entre os ouvintes o culto do verbo são, donde fluem
proveitosos e salutares ensinamentos.
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Silenciando uma afronta em público, você não
atesta apenas o refinamento social. Poupa-se à
dialogação violenta, que dá margem a ódios irremediáveis.
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Se você oferece agasalho a algum desnudo, não só
atende à delicadeza humana, por filantropia. Amplia a
cultura da caridade pura e simples.
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Ao sorrir, discretamente, dando ensejo a um
desafeto de refazer a amizade, você não age tão-somente em
tributo à educação. Apaga mágoas e ressentimentos,
enquanto "está no caminho com ele".
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Procurando ajudar um enfermo cansado a galgar e
vencer dificuldades, você não procede imbuído apenas de
gentileza. Coopera para que a vida se dilate no debilitado,
propiciando-lhe ensejos evolutivos.
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Atendendo impertinente criança que o molesta, num
grupo de amigos, você não se situa só na formosura da
conduta externa. Liberta um homem futuro de uma decepção
presente.
No exercício da gentileza, a alma dilata recursos
evangélicos e vive o precioso ensino do Mestre ao enfático
doutor da lei, com afabilidade e doçura, quando Ele
afirmou: "Vai e faze o mesmo!".